Quem é esse tal de Chico Buarque?
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Se existe um problema neste país, é a intolerância. E o preconceito. E o discurso de ódio. E algo que podemos usar para chamar as pessoas de quem não gostamos de “fascistas”. Afinal, fazer isso é tolerância. É pós-conceito. É discurso de amor. Corrupção, petrolão, 64 mil homicídios por ano? Não é problema: no máximo, é culpa de um tal Eduardo Cunha. O problema mesmo é a falta de diálogo.
Um tal de Chico Buarque foi hostilizado por “suas posições políticas” no Leblon. Ao menos é o que dizem as notícias. Vendo o busílis mais de perto, percebemos algumas camadas de dura realidade sob a epiderme jornalística. Chico Buarque foi hostilizado por ser defensor do partido da presidente com a pior popularidade da história, que num parlamentarismo já teria caído, que num recall não deixaria saudade nem em petista.
Mas o pior é o locativo. Chico Buarque foi “hostilizado”. No Leblon. Que país é este?, já obtemperava outro metidinho a poeta. Onde já se viu uma pessoa estar no Leblon, jantando no Leblon depois de receber vultosas verbas via Rouanet, e alguém chamá-lo de petralha por ser petista? Qualquer um sabe que isto é pior do que o nazismo.
Aliás, é o que diz um tal de Pablo Villaça (agora sem ironia: ninguém sabe mesmo o que faz este tal de Pablo Villaça). Já não se pode mais nem comer no Leblon em paz, aonde a intolerância da classe média deste país vai nos levar? Daqui a pouco, será difícil para Chico Buarque ser petista em Paris. Certamente algum coxinha da classe média vai interpelá-lo na rua.
São os defensores do pobrismo, daquela teoria de Ernesto Laclau de que você pode sempre se fazer de proletário para ser um riquinho mimado criado a Ovolmatine com leite e pêra, desde que diga que gosta dos pobres. E critique a classe média, essa turma que ganha menos do que você, se for para dizer que é 100% favela.
Exemplos abundam: Chico Buarque criticando a classe média brasileira de seu apartamento em Paris, Gregório Duvivier, o filhote do dono de meia Copacabana, José de Abreu, o homem na ilha de Caras que faz papel de um capitalista ricaço que ignora os pobres na novela, e vive como um comunista ricaço que ignora os pobres na vida real. Todos prontos a te chamar de “coxinha” por não gostar de tudo ter tanto imposto que você tem de economizar por 8 meses para comprar um iPhone, enquanto 5 meses do que você trabalha vai para o Estado financiar os “projetos culturais” destas gracinhas.
Aí, um grupo de pessoas “hostiliza” Chico Buarque no Leblon. Hostiliza? Vimos o vídeo. Qualquer comentário reclamando dos nossos posts aqui tem mais “hostilização” do que aquilo. Chico Buarque apenas ouviu uma provocação de um desconhecido: “Quem defende o PT, o que é?” – “Petista”, respondeu nosso Górgias. “É um merda”, replicou o provocador.
O melhor veio a seguir: “Para quem mora em Paris é fácil”, provocou outro provocador. Resposta genial do bastião-mor das letras, das músicas, da noção política e do entendimento das mulheres do Brasil: “Você mora em Paris?” Ahn, ehrr. Mesmo no Leblon, alguém precisar avisar que a brincadeira do “bobo é você” não funciona quando estamos comentando sobre apartamentos em Paris.
Na verdade, estava todo mundo praticamente rindo. Qualquer discussão entre amigos, inclusive entre amigos que concordam politicamente, tem mais tiro, porrada e bomba do que essa altercação aí. Esperávamos um UFC digno de vingar Ronda Rousey (socialista) e Zé Aldo (flamenguista, o que é quase a mesma coisa). Sentimo-nos assistindo a uma partida de yawn pong*.
(*yawn pong é um jogo para dois ou mais participantes, para noites tediosas; cada um fica em um sofá; quando alguém boceja duas vezes antes de outro bocejar uma, o jogador 1 ganha um 1 ponto.)
Claro, para o Pablo Villaça, alguém falar que não gosta de alguém é violência. Chico Buarque foi agredido. Naturalmente, por fascistas. Estes fascistas que são, obviamente, tucanos, e portanto são liberais, querendo um Estado mínimo. Tudo é discurso, nada é real.
Um grupo de bêbados então discutiu com outro grupo de bêbados? O politicamente correto (também conhecido como policiamento incorreto, ou mero totalitarismo ou esquerda non plus ultra) tratou de imediatamente dizer que o que os bêbados do Leblon fizeram com Chico Buarque e seu grupelho de milionários também foi errado.
Foi errado? Aparentemente foi. Devemos criticá-los, então? Bem, no máximo isso. Devemos é defender uma sociedade livre, em que as pessoas tenham o direito de ofender umas às outras (já ouço muxoxos do lado esquerdo da platéia, tão preocupado com a hiper-sensibilidade de gays, mulheres, negros e muçulmanos, prontos a me chamar de nazista e supremacista para me ofender?).
Uma sociedade livre é isso: nada de uniformidade, nada de concordância. É andar na rua e alguém dizer que você é um merda. É aparecer em público e ninguém gostar de você. É ir para a balada e não comer ninguém. O resto é controle, proibição, obrigação. A única clave a determinar a sinfonia da homogeneização do Brasil. A pax progressistae que obriga todos a rezarem pela mesma cartilha.
“Ah, mas foi desrespeito.” Você, meu amigo, você, você mesmo, quer, uma sociedade, em que todos, todos, sejam obrigados, veja bem, o bri ga dos, a… respeitarem uns aos outros?
Você, companheiro, pedindo isso, é o mesmo que vai criticar a Inquisição, os intolerantes, os fanáticos religiosos, a bancada evangélica e seu pai que limpou seu bumbum quando você era um bebê cagão daqui a dois tweets? Você quer mesmo que a lei suprema da sociedade seja o respeito ao outro, sem perceber o quanto isto desrespeita meu senso do ridículo e qualquer liberdade do ser humano?
Experimente então passar 5 minutos na internet ou com seus amiguinhos da Vila Madalena/Lapa sem “desrespeitar” o Silas Malafaia, o Jair Bolsonaro, o Marco Feliciano, o autor destas linhas que estão te dando um faniquito de levar o dorso da mão à cintura e o pézinho a fustigar violentamente o assoalho.
É incrível como uma mentalidade tão progressista foi capaz de atalhar o caminho de jovens para se tornarem umas velhas chatas se benzendo diante de qualquer palavrão.
Ah, claro: um tal de Mário Magalhães, no UOL, estampou em manchete com letras garrafais: “Bronca com apê de Chico Buarque em Paris expõe intolerância e ressentimento”. Bronca com o apê. E expõe in-to-le-rân-cia destes brasileiros safados desta classe média, intolerantes com “o apê” de Chico em Paris financiado com o dinheiro dos brasileiros que não querem pagar por Chico e dar poder para o PT na mesma toada: “A bronca com o apê de Chico em Paris é o vômito dos ressentidos.”
Quer apostar quanto que o cara faz alguma comparação com nazistas no meio do texto? Sobre o apê, diz a criatura que Chico “[a]dquiriu-o com a grana suada do seu trabalho”. A dupla acepção da terceira pessoa trai uma verdade: não foi com o suor de Chico, foi com o de Francisco. E emenda: “Qual o problema? Os fascistoides agora viraram partidários da propriedade coletiva?”
Well, para os analfabetos da nossa imprensa, que só falam (e pensam) por metonímias, é bom cair na real: sim, caso fossem fascistas, seriam partidários da propriedade coletiva, cazzo. O que ensinam nos cursos de jornalismo destes últimos 50 anos?!
Bem, ninguém se preocupa com os reais motivos, dificilmente concatenáveis racionalmente depois de uma bebedeira, pelos quais Chico Buarque é criticado? Pois é bom fazer um memorando de fim de ano, um documento memorial a lembrar ao país quem está mancomunado com um partido (não apenas apóia o PT, como dizem nossos jornalistas com a anamnese de uma mosca) que está afundando um país, e lucrando com isto – para criticar quem lucra com trabalho baseado em contratos mútuos e sem se imiscuir no poder político e na carteira de ninguém.
Mas o principal permanece: por que algo que sem dúvida é mais sem graça, desinteressante e insípido para qualquer comum mortal, de repente se torna a maior questão do país se acontece com Chico Buarque?
Alguém ser “hostilizado” é ser xingado por defender o partido X ou Y? Puta que pariu. Já pensou se Chico Buarque possuísse uma conta no Twitter?! Já pensou se, sei lá, olhasse pela janela do seu apartamentão para a realidade?!
O que Chico Buarque é, para que ser questionado sobre seu apartamento em Paris mereça tanta indignação de progressistas? Não são eles que chamam qualquer um de “elite de olhos azuis” (eepa!) e coxinha e ricaços que não sabem o que é povo caso alguém se manifeste contra o PT?
Será que se Chico Buarque descesse de sua torre de marfim Paris-Leblon iria mesmo achar que o problema do país é alguém achá-lo um merda? Talvez pegar 3 horas de ônibus para voltar para casa do trabalho na CPTM, talvez 64 mil homicídios por ano sob égide do coitadismo penal petista, talvez ver suas “conquistas sociais” consumidas pela inflação e crise (o velho problema do keynesianismo, “produzindo” riqueza artificialmente e cobrando com juros depois, o que qualquer liberal sabe, para petista exigir “mais Estado e menos mercado”), talvez ver que o país de repente passou a defender corrupto, talvez ver a degradação não só política e econômica, mas moral e cultural de quem não vive de Rouanet e comer atriz da Globo.
Talvez o brasileiro tenha uma capacidade de raciocínio maior do que o preconceito que temos com eles, e perceba algum problema em Joaquim Barbosa, hoje herói do povo brasileiro depois da onda de politização absoluta da vida, ser hostilizado por petistas em restaurante, e ninguém ver nada demais além de uma notícia a ser esquecida pelos 5% de público leitor do país, e quando Chico Buarque é apenas provocado por sua falta de ética rouanetística e defesa de bandidos (ao contrário de Barbosa, que julgava bandidos com a letra da lei), a própria presidente Dilma Rousseff volta ao Twitter para solidarizar-se com Chico Buarque, numa narrativa que tenta aparentar ao vulgo que há um fascismo no Brasil que não permite que as pessoas tenham “posições políticas”. Quanto tempo Dilma demorou para falar qualquer coisa a respeito do desastre em Mariana? Quando Dilma irá se solidarizar com os presos políticos do totalitarismo socialista da Venezuela?
Mas o principal fica: por que Chico Buarque merece holofotes por qualquer merda? Chico Buarque é considerado o maior músico mundial da história da MPB. Mas… o que Chico Buarque fez para merecer ser endeusado, nesta religião secular que é a crença em qualquer deidade que concorde com você neste mundinho pseudo-científico dos universitários de extrema-Humanas?
Chico Buarque nunca foi nada além de um Tico Santa-Cruz melhorado da década de 70. Alguém que falava o que todo mundo queria naquela época de pensamento único, e que todo mundo achava o máximo por ter olhos azuis.
Suas musicas são meros plágios de George Brassens, como já notou Rico Ferrari. Seu “entendimento sobre as mulheres” é prova cabal para identificar alguém que nunca ouviu falar em Søren Kierkegaard. Suas “poesias” são uma vergonha para qualquer um que saiba o que é um anapesto. Seus livros são mero pastiche do nouveau roman, livros que retiravam da literatura o roteiro, o clima, a psicologia – qualquer coisa que tornasse um romance interessante. Se você não entendeu Budapeste, é genial. Se não viu nada de interessante em Benjamin, romance que começa com o clichê “Sua vida passou diante de seus olhos”, é porque é inteligente demais para quem não lê Chico Buarque. Como se algum idiota nesse país não lesse.
https://twitter.com/flaviomorgen/status/524009692994220032
Tudo o que Chico Buarque fez foi há décadas. Você viu alguma notícia recente sobre seu novo álbum ter alguma micro-qualidade? Sobre alguma música sua ser minimamente ouvível? Você conseguiu ler seus livros e pensar: “Que excelente romance li!”, ao invés de simplesmente pensar “Eu li porque é o do Chico, e valeu a pena ler porque é do Chico”? Estes romances que ganham Prêmio Jabuti de melhor livro da Via Láctea, mesmo que não sejam os melhores nem em suas categorias-filhas?
Não cansa essa empáfia de ler coisas ridículas só porque é de alguém que você já admirou pelo que ele fez em boas décadas atrás do século passado, naquela época em que era bonitinho defender totalitarismo socialista só pra dizer que é contra a ditadura?
Não é uma questão de idade: ninguém pode ser cobrado aos 71 anos de fazer o mesmo que fazia aos 30. Trata-se de entender que o mundo é mais complexo do que a platitude que o Brasil pensava naqueles anos de ditadura: se Chico Buarque parecia um grande intelectual e uma salvação pro Brasil por dizer que o pobre precisa de dinheiro e a opressão precisa acabar, sinto muito crianças, mas o mundo é algo mais complexo do que clichês bem intencionados e maniqueísmo adolescente.
Foi a realidade que o Brasil descobriu com a globalização que é maior do que as platitudes buarquistas, não “o Chico” que envelheceu.
E será que ninguém percebe que os artistas da rouanetosfera que defendem o governo fazem um tipo de pensamento imposto pelo Estado bem típico da censura de ditaduras? Por que o “incentivo à cultura” acaba sempre caindo nas mãos dos amigos do partido-Estado? Foi pra isso que Dilma e Chico “lutaram contra a ditadura e a censura”?
Não gostar de Chico Buarque virou crime maior no Brasil do que rasgar um Corão na Arábia Saudita. É o destino natural das religiões seculares com seus messias de olhos azuis. Basta chamar um desafeto pobre de “coxinha” e voltar para Paris, para se livrar da “elite” tão “ressentida”.
Mas o que é Chico Buarque, além de alguém que o Brasil descobriu que é tão inútil para as artes, as letras, a música, a política e um mundo não governado pela capacidade maior ou menor de se ofender e se fazer de vítima?
Resta andar na companhia de uns gênios como Pablo Villaça (e repetir bastante a palavra “fascista” para falar de pessoas que querem liberdade do Estado), que lhe defende com o mesmo discurso pronto que tanto atrai molóides, incluindo maravilhosas vindicações como criticar como anti-ético quem pede doações em sua conta, mas pedir disfarçadamente dinheiro do pagador de impostos brasileiro para o “cinema nacional” (incluindo, naturalmente, o filme de Chico, que parece fracassar se não se obrigar ninguém a assisti-lo), e que querem usar um cidadão para ser tungado para “dar” algo a outro cidadão, se achando justo e soberbo por isso.
A diferença básica entre a típica mentalidade de controle por políticos que arruinou o Brasil e a liberdade.
Sério, de todos os problemas do país, devo me importar com… gente que acha Chico Buarque um merda e externaliza sua opinião? Essa esquerda caviar nem disfarça mais seu elitismo e sua frescurite pó-de-arroz?
Vai uma Rouanet aí?
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