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Rejeição a Lula: 57%. Popularidade de Moro: 82%

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lula-moro

Uma pesquisa do Datafolha divulgada neste domingo mostra um dado chocante para o governo atual: a popularidade de Lula, que já foi a maior do mundo segundo o CNT/Sensus, atinge nível recorde negativo. De fato, sua rejeição atinge 57%. Em novembro do ano passado, 47% dos entrevistados disseram que não votariam em Lula caso se candidatasse.

A pesquisa é um golpe para a argumentação de que a oposição é que estaria aplicando um “golpe” a Lula, por “ter medo” de um Lula candidato invencível nas eleições de 2018.

O percentual de brasileiros favoráveis ao impeachment também aumentou de 60% para 68%. Sobre achar que Dilma deva renunciar, 65% crêem que sim, 32% optam pelo não. É um resultado complicado: muitas pessoas que desejam o impeachment, a cassação do mandato, a prisão de Lula ou mesmo a cassação do Partido dos Trabalhadores são contra a renúncia de Dilma, preferindo que ela sofra as conseqüências até o último minuto – renunciar é se furtar a várias das conseqüências políticas e jurídicas que possam se acumular sobre Dilma Rousseff.

Já a esperança parece ter de fato vencido o medo. Mesmo com este resultado, apenas 46% crêem que Dilma será afastada – perdendo para 47% que apostam que ela não será. Ou seja: mais de 20% querem o impeachment, mas não acreditam na sua concretização.

Lula

O dado surpreendente fica por conta de Lula. Uma pergunta com resposta de caráter técnico, difícil a ser explicada a todos os graus de instrução, teve uma vitória acachapante. 68% dos entrevistados crêem que a motivação de Lula ao assumir um ministério foi “ter foro privilegiado na Operação Lava Jato”. O conhecimento do brasileiro a respeito de efeitos técnicos de nomeação política disparou para as nuvens com os desdobramentos de Brasília.

Apenas 19% compram a idéia de que sua principal motivação (o que não exclui a primeira) seja “ajudar o governo Dilma”. Quem crê em ambos soma 7%. Como “ambos” implica ter o foro privilegiado também como principal motivo, pode-se entender que 75%, três quartos dos brasileiros, crêem que Lula só quer o ministério para fugir da polícia.

Sérgio Moro

A seguir, outros dados ruins para o governo. A despeito de toda a propaganda repetida ad nauseam pela militância nas redes sociais, e de interpretações seletivamente ultra-legalistas sobre a atuação do juiz Sérgio Moro, a percepção do público em geral garante ao juiz uma popularidade que esmigalharia a de Lula até mesmo no auge do segundo.

Para 82% das pessoas, Sérgio Moro agiu bem ao obrigar Lula a depor à Polícia Federal. Para 13% (!), agiu mal. Note-se, mais uma vez, que muitas pessoas contrárias ao PT e favoráveis ao impeachment consideram que Moro agiu “mal”, mais por efeitos de propaganda do que de lei, o que a pesquisa não tem capacidade de mostrar.

O mais corrupto

Sem surpresa alguma, o governo mais corrupto da história, segundo entrevistados, foi o de Dilma, com 36%, seguido de Lula, com 23%. Para 59% dos brasileiros, os governos mais corruptos da história foram petistas. Fernando Collor fica em terceiro, com 20%, e FHC segue com 7%.

O trecho que seria mais abonador, e usado como propaganda em sites petistas, é a passagem em que, mesmo assim, Lula é considerado o melhor presidente do Brasil, com 35% de votos (a esta altura, uma minoria quarto-minguante). FHC segue atrás, com 16% de votos. O ditador fascista Getúlio Vargas fica em terceiro, com 7%. Dilma, com 1%, perde para figuras como José Sarney (3%), João Figueiredo (2%), o presidente que acabou com a ditadura na base do “prendo e arrebento” e ninguém menos do que Fernando Collor (1%). Também perde para Tancredo Neves (2%), que nem sequer governou.

Só a escolha de figuras como o mítico Getúlio, adorado como “pai dos pobres” e sendo inspirado diretamente por Mussolini, ou de Tancredo Neves, grande por não ter encostado no Poder Executivo, mostra o que isto realmente significa.

O brasileiro ama o Estado, mas odeia políticos. Apenas elenca Lula em primeiro por uma falta de concorrência. É nítido que qualquer pessoa contrária ao PT e ao modelo cada vez mais à esquerda (quando não abertamente socialista) não pode ter FHC como um ídolo. E com uma ideologia importada de fora (tanto liberal quanto conservadora), resta esperar por presidentes futuros, e simplesmente ter Lula (ou ainda Getúlio e Jango, para os conhecedores de história) como anátemas, mas sem admirar ninguém.

Num pensamento binário, a esquerda e o PT ainda crêem que basta criticar FHC (e o trinômio Serra-Alckmin-Aécio) para criticar “a direita”. Isto assinará com cada vez mais rapidez o epitáfio do PT: ainda crê que seu inimigo são burocratas com quem concorreram em eleições, e não um pensamento que o Brasil agora quer aplicar que garantiu a riqueza de todas as nações ricas do mundo.

Contra idéias sólidas as ideologias e os bodes expiatórios (ou tucanos de rapina) não são senão túmulos esquecidos.

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Assuntos:
Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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