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Censura

E se a direita agisse como a esquerda agiu contra o filme de Olavo de Carvalho?

A esquerda censurou com violência a exibição de "O Jardim das Aflições". Se fosse a direita, só se falaria de intolerância, ódio, ditadura...

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Esquerda agride alunos de direita na exibição de O Jardim das Aflições na UFPE

A exibição do filme O Jardim das Aflições, sobre o filósofo Olavo de Carvalho, acabou em violência na UFPE. Grupos extremistas de esquerda fecharam os corredores do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), agredindo quem tentasse ver o documentário ou sair da exibição. Ameaças contra a direita logo viraram agressão.

Jornais foram claros em sua narrativa sobre os fatos: não é que grupos de extrema-esquerda, incluindo pessoas com camisetas de partidos que pregam a revolução armada como o PCO, estavam gritando ameaças para o público do filme (como “Recua, direita, recua! É o poder popular na rua!”), e sim que houve um “confronto” entre grupos “ideologicamente distintos”.

Um jornal local chegou a afirmar que o público do filme “estava munido de oquetes” (sic) e que os militantes do PCO, coitados, “se revoltaram” com tamanha violência. O exato oposto do que vemos nos vídeos.

É curioso como qualquer menção à direita no Brasil é sempre carregada nas tintas, inclusive com marcações de ideologia (“o filósofo conservador Olavo de Carvalho…”), enquanto toda a esquerda, sobretudo quando pratica atos de violência, corrupção, vandalismo, agressão, censura, repressão e perseguição é sempre amenizada às raias do ridículo.

A exibição de O Jardim das Aflições é um caso claro: a esquerda quis censurar um filme. Este é o fato. Mas não vemos as palavras de sempre na grande mídia, de “intolerância” a “discurso de ódio”, para uma censura que envolveu ameaça e agressões físicas. Nem sequer vemos os agentes sendo delimitados: não se fala em “grupos de esquerda”: parece que foram pessoas aleatórias, o próprio “povo”, que resolveu censurar um filme.

A produção cultural dita “conservadora” é incipiente no país. Um filme como O Jardim das Aflições é um acontecimento por si: não apenas pela qualidade intrínseca do filme, mas simplesmente por existir.

Não houve debate, não houve crítica, não houve resenha negativa, nada: apenas vimos um grupo de esquerda ameaçando fisicamente quem tentasse ver um filme (podemos presumir que seus argumentos contra o que foi apresentado não passem de proibir que se veja no muque).

Imagine-se se a direita, uma única vez, agisse com tal truculência contra a esquerda? Ou melhor: nem com ameaças e agressões físicas. Simplesmente se fechasse um corredor gritando que algo não deve ser exibido.

É fácil já antever os colunistas da Folha em uníssono reclamando do clima de intolerância que grassa no país. Leandro Karnal e Mário Sérgio Cortella (e aquele terceiro que ninguém lembra o nome) fariam comparações com a ditadura militar, o nazismo e a Inquisição. O Encontro, com Fátima Bernardes, faria um “estudo” com um rapper, uma feminista lacradora e uma mãe-de-santo sobre o discurso de ódio na internet. A Globo News faria um especial sobre a intolerância. As capas de Galileu e Superinteressante lacrariam dizendo que a ditadura voltou. A Veja falaria sobre a “Ameaça da extrema-direita”. Por anos, sempre que algo de ruim da esquerda fosse lembrado, alguém lembraria de volta: “Mas e a direita, que quer censurar violentamente?” Palavras fortes, cheias de sufixos como -fobia -ismo seriam marteladas com força em todo telejornal nos próximos dias. A idéia de que a ditadura militar voltou seria o monotema do país.

Como é a esquerda censurando, perseguindo, agredindo, pregando ódio, praticando intolerância, ameaçando, deixando o público sangrando, reprimindo, tudo não passa de um “confronto”. Até se fala em inexistentes “soquetes”, embora a investigação posterior não tenha encontrado nenhum (mas o jornal não use subjuntivo, e deixe a informação já no primeiro parágrafo, como justificativa à “revolta” do PCO).

Note-se novamente: O Jardim das Aflições é fenômeno quase único. Não há meia dúzia de filmes nos cinemas que possam ser chamados “de direita”. A esquerda não permite um único filme conservador (Polícia Federal – A lei é para todos, é um filme anti-corrupção, e se a esquerda não gosta, pode-se descobrir muito sobre ela com isso).

Se a esquerda tem a hegemonia no cinema, acha que um único filme vai destruir suas pretensões de doutrinação completa, só se pode crer que está absolutamente certa. Afinal, essa hegemonia transborda justamente quando a grande e velha mídia morre de medo de falar que a esquerda está censurando um simples documentário exibido em um auditório em uma Universidade em Pernambuco.

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Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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