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Ideologia

Reclamar de Bolsonaro ser agressivo contra socialismo e pedofilia na ONU é confessar ser a favor

Sabe por que sentiram "vergonha" do discurso contra socialismo? Exatamente: por que têm vergonha de gostarem dessa palavra genocida

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socialismo

A introdução é a de sempre: esquerdistas sentiram “nojo” e “vergonha” de Bolsonaro (spoiler: votamos nele para que eleitor do PSOL, relativizador de assassino e pedófilo e vagabundo tivesse insônia, mesmo). Isentões isentaram, e vários reclamaram de Bolsonaro falar em Deus (oh, pecado), socialismo e ideologia. Teve até um Guilherme Boulos 0% achando que é uma vergonha considerar a pedofilia como inimiga do país. We wonder why.

peladão do museu

A explicação subjacente é o real problema do país. Bolsonaro pode falar “A” ou “1+1=2”. Todos sabemos que de Ricardo Noblat ao Comando Vermelho, de Vera Magalhães ao PCO, todos, em uníssono, bem orquestrados, por mera coincidência, dirão que Bolsonaro falou a pior coisa já dita na humanidade desde Hitler.

O grande cazzo da reação ao que Bolsonaro disse na ONU está em três palavras do discurso: Deus, família e socialismo.

Alguém acreditar em Deus e algo além da matéria no século XXI é um crime para progressistas. Ou melhor, alguém acreditar na Verdade sem ser imanente à matéria só é um problema se falamos do Deus cristão: se for muçulmano ou defender alguma religião étnica, que só possui filiação por “raça”, aí é libera-geral. Laissez-faire. Live and let die.

Jean Wyllys umbanda

E esses tipinhos acham que falar em Deus é vergonhoso. Afinal, quem falaria em Deus após os “brilhantes” livros de Foucault e Dawkins? Claro, esperar que algum desses iluminados consiga ler 3 páginas da Suma Teológica de São Tomás de Aquino ou de Natureza, História, Deus de Xavier Zubiri sem o cérebro escorrer pelas orelhas é motivo para cair na gargalhada. Isto é só para nós.

Família, então, todos os que leram Karl Marx e a Escola de Frankfurt sabem, é explicitamente atacada pela esquerda (aliás, desde os jacobinos). Marx acreditava que toda a família era a hiperestrutura que escondia a infraestrutura, ou seja, a propriedade privada. Já a dialética negativa dos frankfurtianos inverte superestrutura com infraestrutura e sabe que a propriedade é que protege a família. Gramsci, exatamente por isso, considera que o maior inimigo do comunista não é o capitalismo, mas a Igreja Católica.

Cada família (já explicamos aqui um milhão de vezes) é uma pequena monarquia. O poder do pater familias é um poder que concorre com o Estado. Como doutrinar crianças e inocentes para só lerem comunistas (doutrinação é isso: não ler livros de “contra-revolucionários”) se os pais podem ter outros valores, diferentes do Estado controlador? Cada livro de educação infantil ensinando crianças a fazer sexo e cada política de ideologia de gênero nada tem a ver com sexo e prazer: tem a ver com a dissolução da autoridade de um concorrente do Estado totalitário.

Mas o principal, que incomoda emputecidamente essa galera tãããããããão inteligente, que já leu tantos livros sobre governança global e tecnocracia antes de emitir uma opinião, foi a palavra mágica para o rebosteio imediato: socialismo.

A grande obviedade não-dita do Brasil e do mundo hoje é que toda a agenda comunista não pode mais se declarar comunista. Tenta nomes como “socialismo”, que era considerado inimigo do bolchevismo até pelo menos a década de 60. Depois, “social-democracia” (o socialismo lento da Fabian Society, do trabalhismo, do gramscismo e afins). Hoje, “progressistas” ou coisa do tipo. Mas sabem que “comunismo” pega mal. Vide o medinho de Guilherme Boulos de perder sua vasta massa de 0% de eleitorado se tiver de escolher entre a União Soviética ou o mundo livre de Reagan (pronunciado “Ríígan”) e Thatcher, ou se admira Stalin (um “não” é fácil de ser proferido pelos não-stalinistas). Vide o PCdoB, que não usa a palavra “comunismo” do seu próprio nome, e usou a cor roxa nas últimas eleições com vergonha do PT. E assim por diante.

Socialismo, a primeira máscara do comunismo (ouça nosso episódio Deturparam Marx (de novo) para entender por que o nome “comunismo” é o mais correto), é proibido de ser mencionado pelo nome. Como diz o famoso apotegma atribuído a Baudelaire, o maior truque do diabo foi convencer o mundo de que ele não existe. No Brasil, é também infame a expressão “viúva da Guerra Fria” quando se fala em socialismo.

Parece que o socialismo, enfim, não existe. Que criticar planificação econômica é um extremismo absurdo. Como se ela não estivesse em marcha aceleradíssima justamente entre nossos vizinhos Cuba, Venezuela, Bolívia, El Salvador e demais países governados por membros do Foro de São Paulo. Como se ela não tivesse causado milhões de mortes na China de Mao (incensado pelo PCdoB de dois vice-presidentes em chapas petistas). Como se o Holodomor, que provavelmente matou mais do que o Holocausto de Hitler, e de fome, fosse apenas o nome de um reino do Senhor dos Anéis.

Que ser contra o socialismo é “radicalismo”. É algo de extrema-direita. Que apenas psicopatas podem ser contra a ideologia que matou em 80 anos de aplicação mais do que todos os tiranos e guerras do planeta antes dela somados. Afinal, dá até pra esfaquear um candidato a presidente tendo sido filiado ao paradoxal Partido Socialismo e Liberdade (sic) sem que ninguém note nem mesmo uma gota de esquerdismo no ato. Como assim alguém ousa falar mal de socialismo?! Só ditadores seriam tão perigosos!

A ONU, criada como um sucedâneo do Comintern, foi implementada por Alger Hiss, oficial do Departamento de Estado americano. Hiss era um stalinista que queria um órgão mais próximo do Ocidente do que Moscou (a ONU, aliás, fundada, entre outros, por Stalin ele próprio). Acabou preso por 3 anos e meio por perjúrio, tornando-se um dos espiões comunistas mais famosos da história americana.

Este é um daqueles nomes que qualquer capiau do mato do Arkansas conhece desde adolescência nas aulas de história. O jornalista brasileiro, que invariavelmente se acha um gênio, nunca ouviu falar de Alger Hiss, não sabe nem quem implementou e desenhou a ONU. Aliás, acha que considerar a ONU tendendo mais para a esquerda é “teoria da conspiração”. Afinal, para que ler livros?

A ONU é um grande órgão de governança global que favoreceu todas as políticas socialistas possíveis no planeta, além de profundamente anti-semita (costuma fazer mais sanções contra Israel, após o país ter abandonado o socialismo do kibutz, do que contra a Coréia do Norte). Falar contra o socialismo na ONU (ou contra o globalismo, como fez Trump), é como ir a uma reunião do Ku Klux Klan e falar que racismo é coisa de quem tem o peru pequeno. Não é obra para os políticos bundas-moles que são incensados por aí.

Lula podia ir para a ONU falar platitudes sobre “distribuição de renda”, essa medida socialista com nome tão fofinho que qualquer pré-adolescente de 11 anos já sabe repetir como panacéia para os males do planeta. Dilma podia ir para a ONU falar sobre estocar o vento, que nenhum jornalista tinha a coragem de admitir que tinha votado em alguém com nítidos e seríssimos problemas cognitivos básicos.

Já Bolsonaro e Trump “causam vergonha”. Ora, o objetivo foi exatamente esse: falar de socialismo. Nomear o socialismo como socialismo. Chegar ao grande órgão socialista do mundo e acusá-lo de conivente com o trabalho escravo da ditadura socialista cubana exige algo mais do que platitudes sobre “direitos humanos” e outras generalidades indefinidas que cativam os de pensamento fácil.

Se Bolsonaro tivesse criticado o nazismo em 2019, estariam todos o considerando um cúmulo do humanismo (uma palavra horrível, mas que o vulgo associa facilmente a bons sentimentos). Bolsonaro criticar o socialismo em 2019, que matou ainda mais do que nazistas (e também tem um histórico amplamente anti-semita em boa parte do planeta), o fazer ser pechado de “paranóico”. Onde já se viu criticar socialismo e pedofilia, essas coisas tão fofinhas?

O que incomoda essa gente é que eles preferem nomes bonitinhos: progressista. Politicamente correto. Combate ao discurso de ódio e à homofobia. Multiculturalismo. Et caetera. Na prática, tudo o que querem é o de sempre: comunismo. Ou socialismo, já que comunismo tá fora de moda depois de uns 100 milhões de mortos. E quando você fala contra o socialismo… Ah, como incomoda! Como essa gente tem vergonha de si própria!…

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Assuntos:
Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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