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Incêndio

Tragédia no Largo Paissandu: A responsabilidade é sim dos “movimentos sociais”

Incêndio em edifício invadido no centro de São Paulo não ocorreu à toa: a responsabilidade é dos líderes dos "movimentos sociais" que colocam vidas em risco em condições subumanas.

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Incêndio em prédio no Largo do Paissandu

O antigo prédio da Polícia Federal no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo, foi invadido por auto-denominados “movimentos sociais”, que chamam os seus atos de “ocupações”, na manipuladora linguagem eufemística do discurso criminoso. O prédio desabou na madrugada desta terça-feira, Dia do Trabalho, após um incêndio. Cerca de 150 famílias, com 400 pessoas, foram cadastradas pela prefeitura como “moradoras” do local. 25% delas eram estrangeiras.

No momento, 92 famílias, com 248 pessoas, foram encaminhadas para abrigos pela prefeitura. Há registro de uma morte e ao menos quatro desaparecidos.

É curiosa a forma como a mídia se refere às autoridades do poder público em casos como este, sempre buscando alguém a quem inculpar (e as autoridades, jogando umas para as outras qualquer fagulha de responsabilidade). Ora, o poder público realmente tem culpa por omissão, mas qualquer pessoa que já viu notícias sobre invasões (sempre chamadas erroneamente de “ocupações”) no Brasil sabe: basta uma entidade entrar com uma ordem de despejo para, quinze minutos depois, haver uma liminar suspendendo a ordem, com centenas de “movimentos sociais” esbravejando que algum governo “fascista” está “desapropriando” os pobres de “moradia”.

Ou seja: o poder público deveria agir impedindo que pessoas habitassem uma invasão em condições subumanas, mas sempre que tal medida tenta ser realizada, é impedida. E não há outra culpa do poder público além de não aplicar a lei e exigir a relocação. Que já estava sendo feita, apesar do tanto que a Prefeitura de São Paulo tem unanimidade de reprovação da população: através da Secretaria Municipal de Habitação, que atuava no edifício por meio de um Núcleo de Mediação de Conflitos, que buscava negociar antes de uma reintegração de posse a ser movida pela Secretaria do Patrimônio da União. Seis reuniões foram feitas com lideranças da invasão, alertando para os riscos. Os líderes impediram.

Entretanto, o maior responsável não é citado pela imprensa de forma alguma: os próprios movimentos sociais que, ora, colocaram aquelas pessoas ali.

Culpados são justamente os auto-denominados “movimentos sociais”, ditame do linguajar definido pelos próprios movimentos de esquerda, que tomam nomes para si que exigem um certo “elogio” na descrição, enquanto nomeiam adversários já de maneira depreciativa (quem não se lembra de Jorge Pontual chamando os terroristas do Black Lives Matter de “ativistas de direitos humanos”?).

Sedizentes “protetores dos pobres”, tais movimentos usam pobres como peões e infantaria descartável, enquanto seus líderes moram muito bem e obrigado, bem longe dali, e ganhando eleições em nome da “proteção” de quem morava em condições que só não podem ser descritas como “escravidão” porque cobravam aluguel.

Ora, como um movimento que seria supostamente de “pobres sem teto” poderia cobrar aluguel? No caso, foi o Movimento Moradia Digna (uma destas mil “subsidiárias” do MST e de sua versão urbana, o MTST, chefiado com mão de ferro pelo presidenciável ricaço Guilherme Boulos, do PSOL). Segundo relatos de moradores, o custo exigido variava de R$ 250 a R$ 500 por mês. Para onde foi este dinheiro? Quem o controla? Por que os valores descritos pelos moradores não batem com os do “coordenador” do Movimento Luta por Moradia Digna (LMD), Ricardo Luciano, que jura ter cobrado apenas R$ 80?

Os portões eram trancados às 19h, e os moradores ficavam lá, trancafiados, sem poder entrar ou sair. Sem os diversos antigos elevadores funcionando, os fossos eram usado como lixo, que se acumulou até o quarto andar (!). As divisórias eram feitas com madeira e papelão, altamente inflamáveis.

Devem ser estes os “custos” que Ricardo Luciano garante serem necessários com os R$ 80. Onde estará Leonardo Sakamoto, aquele que fala tanto em “trabalho análogo à escravidão”, para exigir responsabilização dos coordenadores destas invasões?

https://twitter.com/exilado/status/991396727491002369

O método é freqüente em invasões de tais movimentos. Reportagem da Folha de 2015 mostra que o MTST, após invadir o antigo Cine Marrocos, cobrava “aluguel” e “condomínio” (!) mais caros do que admitia, e no caso de atrasos, punia os moradores com medidas como proibição de visitas. Há até cobrança de “matrícula” de R$ 1.300, custeando invasões retroativas. Sem surpresa, o MTST nega.

Para não chegar às lideranças dos “movimentos sociais”, à exceção de Ricardo Luciano, todas são tratadas no plural genérico e abstrato, como “o MTST”, sem definir nomes. Ou até mesmo sumindo com informações. Quando formalmente citados, como é o caso de Guilherme Boulos, é na negativa.

https://twitter.com/tomfm_/status/991214449515204609

O MST e o MTST, além de serem tratados como os “movimentos sociais” que parecem pura caridade e humildade, nem sequer possuem um CNPJ para serem formalmente responsabilizados.

Guilherme Boulos e Manuela D’Ávila, dos partidos de extrema-esquerda PSOL e PCdoB, apareceram na defensiva. Boulos afirmou no Twitter: “Querer culpar os sem-teto pelas condições precárias do imóvel é de uma perversidade inacreditável”. Mais uma vez, uma típica manipulação: ninguém culpa famílias miseráveis, usualmente em estado desesperado: a culpa é justamente das lideranças destas manifestações, que raramente dormiriam em um prédio abandonado com quatro andares de lixo facilmente inflamável. Poderíamos até citar algum nome de exemplo, mas não se pode querer abusar do óbvio.

https://twitter.com/tomfm_/status/991335181419245568

E onde estava Guilherme Boulos, o “sem teto” (de acordo com seu companheiro de partido Marcelo Freixo)? Prestando solidariedade às vítimas, após dormir em condições imprestáveis? Imagine: estava em Curitiba, fazendo comício pró-Lula.

https://twitter.com/oiluiz/status/991398821468008451

O MST, o MTST e suas subdivisões atuam sem medo por serem “inexistentes” juridicamente. Alguma hora a mídia precisa também perder o medo, não comprar o nome bonitinho com o qual eles se auto-descrevem e exigir a responsabilidade de tais lideranças, geralmente ricaças, por seus crimes, e nenhum deles é maior do que colocar vidas em risco.

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Assuntos:
Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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