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Margem de erro

Ibope errou no Rio de Janeiro em 31 pontos. Datafolha errou 24 pontos

A margem de erro auto-declarada dos institutos era de meros 2 pontos. Ibope e Datafolha erraram a ordem de Eduardo Paes e Wilson Witzel, que nem iria ao segundo turno

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Witzel e Paes

Para quem ainda acredita em institutos de pesquisa, uma rápida olhada pelo que Ibope e Datafolha prognosticavam nas eleições estaduais deste ano. Só no Rio de Janeiro, o desacerto do Ibope um dia antes das eleições foi de 31 pontos percentuais (sic). O Datafolha errou “apenas” 24. A margem de erro auto-atribuída tanto pelo Ibope quanto pelo Datafolha era de meros 2 pontos percentuais.

Para o instituto do grupo Folha, Eduardo Paes tinha 27% das intenções de voto. Acabou tendo apenas 19, “apenas” oito pontos abaixo. Mas Wilson Witzel tinha tão somente 17 pontos, tendo ainda 10 pontos para chegar a empatar com Paes. Já o Ibope dava menos a Paes: 26%. Por outro lado, dava apenas 10 pontos a Witzel.

Na verdade, Witzel teve simplesmente 41,28% dos votos, ficando em primeiro. 24 pontos a mais do que o Datafolha, 31 pontos a mais do que sugeria o Ibope. Quanto a Eduardo Paes, ficou com apenas 19,56% dos votos. 8 pontos a menos do que encontrou o Datafolha, 7 pontos a menos do que descobriu o Ibope. No total de erros, o Ibope errou 31 pontos. O Datafolha, 24 pontos. Lembrando: a margem de erro na véspera era de 2 pontos percentuais.

Wilson Witzel estava em curva acentuadamente ascendente, justamente por ter apoiado Jair Bolsonaro, o que o fez disparar para o alto (numa das suspicácias destas eleições). É claro que o “fator Bolsonaro” é capaz de causar surpresas, mas é simplesmente ridículo que institutos gabaritados como Datafolha e Ibope tenham suas pesquisas em tão alta conta errando 3 dezenas de pontos, mas dizendo que sua “margem de erro” é de apenas 2. E na véspera das eleições.

Lembrando: Ibope e Datafolha erraram em até 10 pontos nas últimas pesquisas presidenciaise sempre a favor do PT e contra a oposição. Há erros, mas parece que também há erros com método.

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Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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