Fake News: 10 maneiras de manipular a opinião pública
Fake news não são apenas notícias falsas. Há formas mais sutis e eficientes para se
manipular a opinião pública, como contar mentiras usando apenas meias-verdades – e o termo é usado como pretexto para censurar opiniões divergentes
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Popularizada pelo presidente americano Donald Trump em 2017, a expressão “fake news” foi imediatamente apropriada pela esquerda e pelos grandes conglomerados midiáticos, curiosamente os alvos originais da denúncia de Trump. Todos os jornalões, da noite para o dia, pareciam então preocupadíssimos com o preocupante avanço das fake news, como se não tivessem nada a ver com isso. Nada que surpreenda o leitor mais atento em tempos de “pós- verdade” (ou seja, a exploração das reações emocionais do público em detrimento à verdade factual).
Com sua popularização, há um grande risco dessa expressão ser interpretada literal e superficialmente como se tratasse tão-somente de se inventar notícias falsas, mas o fenômeno não abrange este único caso. Há inúmeras maneiras de se corromper a informação de modo que ela se adeque ou corrobore determinada narrativa ideológica; inventar notícias é apenas uma delas. O que está em jogo é a deturpação da percepção do público, é a manipulação psicológica da população, com o intuito de se criar ou se afirmar uma determinada narrativa política.
Há fake news inofensivas, como as sátiras, as paródias e o sensacionalismo non-sense ao estilo do famigerado bebê-diabo do jornal “Notícias Populares”, por exemplo. Há os clickbaits, que são manchetes sensacionalistas ou propositalmente polêmicas usadas para se conseguir mais acesso e, consequentemente, adquirir ganhos financeiros. Há ainda as fake news disseminadas anonimamente pelas redes sociais, as “fake news do tiozão do WhatsApp”. Não trataremos desses tipos de fake news, mas daquelas usadas por grandes veículos midiáticos para manipular a opinião pública com interesses políticos ou, mais precisamente, sobre como essa manipulação acontece.
1. Falsificação dos fatos
O primeiro caso, obviamente, é a pura e simples falsificação de fatos. Por ser descarada e, atualmente, de fácil verificação, esse processo não é tão comum nos grandes veículos da imprensa, pois há um grande risco de perda de credibilidade quanto maior for a mentira inventada. Porém, é bastante usual nos veículos de nicho, mais segmentados, cujo público esteja mais disposto a ler aquilo que corrobore com suas próprias opiniões e crenças.
Por exemplo, em 2016 o blog chapa-branca Brasil 247 noticiou que havia uma campanha em Londres, revelada pela BBC, denunciando o “golpe” contra Dilma Rousseff e expondo os golpistas em cartazes. A notícia teve milhares de compartilhamentos e comentários. Claro que era uma mentira grosseira, não havia campanha nenhuma em Londres e a foto original sequer era da Trafalgar Square, mas de uma rua de Gênova, Itália.
Como o público do site de Leonardo Attuch é formado apenas pela militância esquerdista mais simplória, o risco de perder credibilidade em caso de exposição da fraude é baixíssimo.
A invenção descarada de notícias, apesar de ser menos comum nos grandes jornais, não é inexistente. Mais recentemente, o jornalista José Nêumanne Pinto, do Estadão, afirmou que Jair Bolsonaro, que havia manifestado preocupação com a possibilidade de fraudes nas urnas eletrônicas, nada havia feito para aprovar leis que aumentassem a segurança do voto eletrônico, ignorando o importantíssimo fato que foi o próprio Jair Bolsonaro o autor do projeto que instituía o voto impresso, cassado pelo STF.
2. Manipulação das manchetes
O alvo dessa técnica é o leitor que, por preguiça ou falta de tempo, lê apenas as manchetes ou chamadas. Neste caso, o que a manchete afirma contradiz totalmente ou em parte o texto da reportagem. O uso seletivo de eufemismos é bastante eficiente e serve tanto para minimizar quanto agravar algo, dependendo do lado a que se refere.
Por ser mais sutil do que a mera invenção de notícias, esse procedimento é bem comum nos grandes jornais. Quem nunca viu uma manchete dizendo “Adolescente é morto em ação policial” e, quando vai ver a matéria, o adolescente trocava tiros com a polícia, armado com fuzil? Recentemente, a Folha de São Paulo noticiou a seguinte chamada: “Ciro xinga e dá leve empurrão em homem durante entrevista em Roraima”. O fato foi filmado e, ao analisarmos mais atentamente, percebemos que o caso foi muito mais grave do que um “leve empurrão”. Foi um candidato à presidência que deu um soco num repórter por conta de uma pergunta feita educadamente. E Ciro ainda mandou prender o repórter pelo crime de ter feito uma pergunta que ele não gostou. Mas, para a Folha, a índole autoritária do candidato virou um “leve empurrão”.
O homem preso em flagrante e filmado esfaqueando o candidato Jair Bolsonaro é tratado na manchete do G1 como “suspeito”, enquanto os ladrões que roubaram o equipamento de Caetano Veloso, amigo pessoal de Guilherme Boulos, são tratados como o que de fato são: bandidos.
3. Uso de palavras-gatilho
A expressão palavra-gatilho, emprestada da psicologia e usada também no marketing e na programação neurolinguística, refere-se a palavras que têm o poder de despertar reações automáticas, contornando o exame consciente dos objetos e experiências correspondentes. Palavras como “raça”, “fascismo”, “democracia”, “direitos humanos”, “social”, etc. cumprem esta função com eficiência. De maneira sutil, o jornal pode aliviar a percepção de um crime cometido por um aliado ou demonizar um adversário apenas inserindo tais palavras no texto. Por exemplo, qualquer coisa com “social” torna-se automaticamente abrandada, mesmo que seu significado real seja totalitário, como a expressão “controle social da mídia”.
4. Uso de imagens
Grande parte da comunicação ocorre através das imagens. A escolha a dedo das imagens que serão usadas numa matéria pode destruir reputações ou ajudar a criar líderes. Manipular levemente as imagens através de programas de edição também é um recurso muito usado, tanto para o bem como para o mal.
5. Consenso fabricado
É natural para o ser humano evitar ficar contra à maioria, é uma situação difícil ser a voz dissonante, há sérias consequências sociais e mesmo profissionais ao se assumir “do contra”. A fabricação de consensos artificiais é um procedimento seguro para o veículo midiático, pois não há nenhuma mentira inventada, o veículo apenas expõe o que pensam um certo grupo de pessoas escolhidas a dedo e, discretamente, coloca suas opiniões como se fossem da maioria ou mesmo da totalidade da população.
O humorista Danilo Gentili foi vítima deste procedimento de manipulação coletiva quando a militância esquerdista, auxiliada por robôs, subiu uma hashtag contra ele no Twitter. O fato logo foi noticiado nos grandes jornais como se toda a internet estivesse contra o humorista. No corpo da matéria, apenas comentários contrários, apesar dos milhares que o defendiam. Pouco depois, de maneira espontânea, uma hashtag favorável ao humorista chegou aos trending topics mundiais, fato que foi solenemente ignorado pela imprensa.
6. Tortura dos números
“Estatística é a arte de torturar os números até que eles confessem.” A famosa frase ilustra bem o ceticismo que deveria nortear aqueles que trabalham com estatística. Os números, quando deturpados, são uma ferramenta poderosa para a manipulação pública. Não apenas o falseamento dos dados estatísticos é o único procedimento manipulatório, mas a invenção grosseira de números é largamente usada. O próprio Lula reconheceu, em entrevista, que mentia sobre as supostas 40 milhões de crianças moradoras de rua no Brasil. Esses dias estava circulando na internet que “12 mulheres morrem por minuto vítimas de crime no Brasil”, ou seja, mais de 6,3 milhões de mulheres morreriam todos os anos. Apesar dos esforços de políticos como Maria do Rosário, ainda não chegamos a tanto.
7. Os “especialistas”
Outro processo bastante comum de manipulação é chamar algum “especialista” escolhido a dedo que tenha a mesma opinião que o jornal deseja emplacar. Este é outro método bastante usado pelas grandes redes, devido à isonomia que aparenta ao chamar alguém para dar uma opinião técnica e supostamente isenta. A GloboNews é adepta recorrente deste método. Em fevereiro de 2018, a rede convidou Jaqueline Muniz, uma “especialista em segurança” da UFF para falar sobre a intervenção federal no Rio. Uma militante do PSOL, claro. Em fevereiro de 2017, outro caso idêntico. E mais tantos outros; a estratégia é recorrente e eficiente para dar a impressão de um consenso entre os especialistas, como se todos pensassem assim.
“Se está na Globo o cara deve ser bom”, pensa o incauto espectador. Mas basta olhar para eles com atenção: são acadêmicos encastelados na bolha esquerdista universitária, militantes de partidos de extrema-esquerda, que nunca estiveram em confronto com bandidos ou terroristas nem sequer brigaram na saída da escola quando criança. São especialistas de apartamento criados a leite com pêra e muita soja.
8. Pesquisas sem credibilidade
Assim como a manipulação dos dados estatísticos, as pesquisas enviesadas são eficazes para manipular a opinião pública, especialmente em época de eleições. O dono do Vox Populi, um dos institutos de pesquisa mais requisitados pela Globo, é Marcos Coimbra, colunista da Carta Capital, publicação de extrema-esquerda acusada na Lava-Jato de receber mais de R$ 18 milhões de empreiteiras para favorecer Lula e Dilma Rousseff. Em 2017, divulgou uma pesquisa que dava a vitória a Lula em 2018 no primeiro turno, pesquisa amplamente divulgada em sites como Brasil 247 e Rede Brasil Atual, ambos investigados pela Lava-Jato. A última pesquisa Vox Populi para a eleição presidencial de 2018 mostra Haddad na liderança. A curiosidade é que o Vox Populi usou uma metodologia diferente. O petista era identificado como “Fernando Haddad (PT), apoiado por Lula”. Os demais eram citados da maneira com que são conhecidos do eleitorado. Como podemos ver, uma pesquisa bastante “estimulada” (ou melhor: induzida).
9. O outro-ladismo
Para mostrar que são democráticos, isentos e consideram todas as versões do fato, de maneira a não ficar óbvio o seu posicionamento, os jornais usam o recurso do “outro lado”. Funciona assim: você descasca um opositor em uma página inteira, aí insere um pequeno parágrafo no fim com a versão do “outro lado”, geralmente inconclusivo e com pouquíssimas informações. Serve para defender ideias também, colocando refutações simplórias no parágrafo destinado a ouvir o outro lado. Pode-se também fazer acusações e ilações por diversos dias em várias edições e, quando comprovada a inocência da vítima desse golpe, solta um pequeno parágrafo “erramos”, escondido no rodapé da página. Outro método outro-ladista é publicar coisas assim: “Fulano diz que houve mortos; Beltrano nega”, como se haver mortos ou não fosse uma questão de opinião. Desta maneira, a aparência de isenção está garantida, assim como a narrativa que se deseja criar.
10. Quem checa os checadores?
Com a popularização da questão das fake news trazida à tona do debate pelo presidente Trump e sendo apropriada pela militância esquerdista, as grandes redes midiáticas trataram de criar “agencias reguladoras” (expressão que causa orgasmos nos estatólatras favoráveis ao controle da imprensa) para checarem a veracidade das informações veiculadas. Numa inversão diabólica, as próprias agências de checagem tornaram-se certificadores das fake news, ao ratificarem informações de maneira parcial ou escolhendo o que checar ou não.
A grande maioria – quiçá a totalidade – desses neo-censores é ligada à esquerda ou extrema-esquerda, como explica Rodrigo Constantino neste vídeo. As agências estão todas ligadas a grandes grupos midiáticos e a organizações internacionais. A isenção desses grupos é uma mentira alardeada incansavelmente.
A parceria entre essas agências e o Facebook fechou o círculo vicioso que vai das fake news até a censura crua. Refutar uma mentira dá muito mais trabalho do que espalhá-la. Qualquer forma de checagem se dá somente no primeiro nível desses procedimentos citados aqui neste artigo: a invenção ou imprecisão de notícias. Procedimentos mais sutis, como o uso ardiloso de imagens, o uso de palavras-gatilho, os especialistas enviesados, etc. não são possíveis de serem enquadrados no conceito superficial de fake news, pois apesar de serem mentiroso e manipularem a opinião pública de maneira desonesta, não necessariamente são baseados em mentiras ou invenções.
Estar atento a esse tipo de expediente perverso é se precaver para não ser uma marionete do mecanismo de censura, falsificação dos fatos e manipulação criado por grupos poderosos e de índole totalitária.
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